MRS propõe plano para mais 30 anos

A concessionária de ferrovias MRS Logística, que atua no triângulo geográfico Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, dá partida hoje ao que chama de Projeto 2056. A empresa começa a discutir seu plano de renovação antecipada da atual concessão, que vigora até 2026. Será iniciado na ANTT, agência reguladora do setor, o processo de audiências públicas da proposta da MRS para operar por mais 30 anos os 1.643 quilômetros que ligam os três estados e grandes portos do país.

Na nova fase, com mais três décadas de operação, a concessionária planeja mudar seu perfil. Passar de uma empresa especializada em transportar carga dos acionistas (minério de ferro, carvão, coque e aço) para uma companhia de logística diversificada. Quer um peso maior de carga geral – grãos, contêineres, aço, cimento e outros produtos.

O objetivo, com novos investimentos e a criação de um corredor logístico entre os três estados, é de que a carga geral passe a representar 47% do volume transportado no futuro, ante os 32% do ano passado. Sair de um volume de 56 milhões de toneladas para 107 milhões de toneladas. No todo, a MRS iria de 170 milhões para 226 milhões de toneladas.

Entre valor de outorga, estimado em R$ 4,4 bilhões no prazo de dez anos, e investimentos em aumento de capacidade de transporte e de competitividade, a MRS está propondo investir R$ 7,5 bilhões, informou Gustavo Bambini, diretor de Relações Institucionais da empresa. A aplicação dos recursos começaria tão logo a companhia obtenha a aprovação, que depende várias instâncias – ANTT, Ministério da Infraestrutura e Tribunal de Contas da União (TCU).

Duas das quatro consultas públicas estão agendadas para este mês – Belo Horizonte, dia 25, e São Paulo, dia 27. Em julho serão na cidade do Rio, dia 2, e Brasília, dois dias depois. “A agência terá de 45 a 90 dias para realizar o processo. A seguir, com todos as sugestões, da sociedade e autoridades, realizará seu relatório, que deve durar de quatro a seis meses, e enviá-lo ao TCU”, diz Bambini.

Segundo o executivo, a proposta da empresa contempla um plano de integração para os três estados da maior região econômica do país, onde estão os trilhos da concessionária. “Estamos em conversas com os governos de Minas, Rio e São Paulo para ver as demandas de cada um. No nosso caso, não haveria conflito confederativo, pois a contrapartida de investimentos ficará dentro da área da concessão”, afirma o diretor.

Os investimentos estruturantes previsto no plano de prorrogação da concessão são divididos em obras de interesse público (R$ 4,4 bilhões), e de expansão de capacidade e melhoria de desempenho da ferrovia, R$ 3,1 bilhões. No primeiro caso, abrange obras de interesse público ao longo da malha – redução de conflitos urbanos (segregação de linhas de carga e de passageiros em São Paulo), maior intermodalidade para redução dos congestionamentos, redução da poluição e dos acidentes. Isso seria levado ao crivo do Minfra.

No segundo caso, estão previstos aportes principalmente na compra de locomotivas e vagões novos para dar suporte ao crescimento da demanda, além de fatores de desempenho determinados pelo poder concedente e construção e ampliação de pátios mais remodelação de via permanente.

O plano prevê nova solução para a ferrovia cortar a cidade de São Paulo com trens de carga em paralelo a trens de passageiros. Hoje, os trens chegam na Estação da Luz e têm de ser fraccionados em vários, perdendo produtividade. Por isso, está prevista uma segregação de linhas desde Perus até a Luz ou Moóca, podendo chegar a Rio Grande da Serra, num total de 140 km. “Essa alternativa vai resolver 80% a 90% do que se poderia obter com o projeto do Ferroanel, uma obra cara, de R$ 6 bilhões”, diz Bambini.

A MRS planeja também o corredor logístico unindo cargas do interior paulista a Rio e Belo Horizonte bem como cargas dessas regiões para São Paulo e Santos. Nesse projeto está a construção de terminais nas três capitais, como Queimados (RJ), Igarapé (Minas) e dois em São Paulo (Moóca).

A MRS, que formava a malha Sudeste da antiga RFFSA levada a leilão em 1996, é controlada por CSN, Vale, Usiminas e Gerdau.

Fonte: Valor Econômico

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