Tupy espera incorporar a MWM até final do ano

Valor Econômico – Fabricante de blocos e cabeçotes de motores fundidos, que obteve aprovação do Cade ao negócio, lucrou R$ 192,25 milhões no terceiro trimestre

A Tupy, multinacional brasileira que fabrica blocos e cabeçotes de motores fundidos em ferro e aço, espera concluir ainda neste trimestre a compra da fabricante de motores MWM Brasil, que vai significar outro salto nos negócios da companhia. O Cade, órgão antitruste do país, já emitiu o sinal verde, sem restrições, no fim de outubro, para a transação, anunciada por R$ 865 milhões.

Os recursos para pagar a aquisição de 100% dos ativos e negócios da International Indústria Automotiva da América do Sul, ou MWM, já estão no caixa da empresa. A Tupy lançou, em setembro, títulos de debêntures no valor de R$ 1 bilhão. “Agora, vamos aguardar o prazo de praxe após a aprovação do Cade e fazer o trâmite final do fechamento da operação”, disse ao Valor Fernando de Rizzo, presidente da empresa.

Com a MWM, a empresa de Joinville (SC) passa a ser fornecedora de produto acabado, sob encomenda, às montadoras de veículos pesados. Ao mesmo tempo, entra no mercado de reposição de peças de motores e põe um pé na geração elétrica. A fabricantes de motores, no ano passado, teve receita líquida de R$ 2,7 bilhões.

A compra é a segunda da Tupy em pouco mais de dois anos. Antes, adquiriu ativos de fundição da italiana Teksid por € 67,5 milhões -cerca de R$ 400 milhões -, em Betim (MG) e Aveiro (Portugal), além de investimentos em melhorias operacionais. Nas duas transações, a Tupy está desembolsando quase R$ 1,3 bilhão.

“Esses movimentos fazem parte da construção de uma ‘nova Tupy’”, diz Rizzo. Segundo ele, agrega valor ao produto tradicional (bruto ou usinado) da empresa. Com a MWM, serão adicionados serviços (mais usinagem), além de montagem e testes.

A Tupy – que gera três quartos de sua receita em vendas no exterior, sendo 50% na América do Norte, incluindo exportações a partir do Brasil – praticamente dobrou o faturamento nos últimos quatro anos. Em nove meses de 2022, a empresa registrou receita líquida de R$ 7,587 bilhões, crescimento de 51% frente igual período de 2021, conforme balanço do terceiro trimestre divulgado ontem no início da noite.

De julho a setembro passado, a companhia obteve receita líquida de R$ 2,69 bilhões, alta de 47% na mesma base de comparação. O resultado já é decorrente da incorporação dos ativos da Teksid a partir de 1º de outubro do ano passado. “Tivemos no trimestre maior receita líquida, lucro líquido e Ebitda ajustado da nossa história”, afirmou o executivo.

O lucro líquido da companhia no período alcançou R$ 192,25 milhões, aumento de 53,6% sobre resultado de um ano atrás. No acumulado de nove meses, o ganho atingiu R$ 445,82 milhões (o triplo dos nove meses de 2021).

Rizzo afirmou, que apesar do cenário global complicado, as vendas da companhia se mantêm firmes. “Temos a vantagem de dispor no Brasil e no México de fatores, como energia, matérias-primas e mão de obra, que nos tornam mais competitivos que os concorrentes da Europa. Isso leva os clientes a comprarem de fornecedores regionais”, destacou.

Segundo o executivo, os três grandes mercados da Tupy – transporte de cargas, agronegócio e infraestrutura – estão vinculados, no Brasil, às exportações, além de grandes obras, que requerem mais equipamentos de bens de capital. Nos EUA, diz, apesar do cenário de inflação alta no país, os segmentos de caminhões e máquinas estão menos afetados. “Há demanda reprimida devido à falta de chips, a produção de caminhões está com carteira toda vendida e há baixo estoque de picapes no país”.

A mudança de governo no Brasil para Rizzo, não deve afetar os mercados da Tupy. “Atendemos indústrias essenciais, como alimentos, transporte, exportação de grãos e infraestrutura. A dinâmica seguirá”, avalia. Ele diz que no país faltam tratores e caminhões, que a frota requer renovação e está ligada à exportação.

Controlada por BNDESPar, braço de participações do BNDES, e Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, a Tupy, pelos resultados passados próprios e de aquisições, será uma empresa de receita na casa de R$ 13 bilhões quando consolidar os números da MWM. Pelos mesmos critérios, a geração de caixa operacional (Ebitda) situa-se na casa de R$ 1,5 bilhão ao ano.

A empresa encerrou o trimestre com dívida líquida de R$ 1,54 bilhão, acima de R$ 990 milhões de um ano atrás. A alavancagem financeira (dívida líquida sobre Ebitda) ficou em 1,27 vez, levemente superior ao indicador do fim de setembro de 2021. “A situação financeira da Tupy é confortável. Praticamos uma rígida disciplina financeira”, diz Rizzo.

Ele afirmou que a empresa terminou o trimestre com geração de caixa de R$ 230 milhões. A empresa sentiu ainda a inflação de custos de materiais. Em um ano de incorporação dos ativos da Teksid, afirmou, já conseguiu melhorar sua margem consolidada, ficando próximo dos 14,4% da Tupy.

Foto: captura de tela Valor Econômico

Fonte: Valor Econômico (https://valor.globo.com/empresas/noticia/2022/11/08/tupy-espera-incorporar-a-mwm-ate-final-do-ano.ghtml)

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