Porto de Santos quer aumentar participação de ferrovias no transporte de cargas

A SPA (autoridade portuária de Santos, antiga Codesp) divulgou nesta segunda-feira (17) o plano de zoneamento que deverá nortear o crescimento do Porto de Santos, o maior do país, pelos próximos 20 anos.

O chamado PDZ (Plano de Desenvolvimento e Zoneamento), prevê o aumento da participação do modal ferroviário no transporte, além da reorganização espacial dos terminais, com agrupamentos por tipo de carga.

O plano prevê a expansão da capacidade operacional do porto em 49% até 2040, dos atuais 161,9 milhões de toneladas para 240,6 milhões de toneladas.

A proporção de cargas que hoje chegam aos terminais por vias férreas saltaria dos atuais 33% para 40% nos próximos 20 anos.

O plano enfrenta resistência do Sindicam (Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários Autônomos), que realiza manifestações na região portuária nesta segunda. O sindicato afirma que o PDZ deverá causar demissões, o que é negado pela autoridade portuária.

Não faz sentido [a posição do sindicato] porque o plano prevê aumento de demanda, de capacidade e maior eficiência. Isso gera empregos, e não o contrário, afirma o presidente da SPA, Casemiro Tércio Carvalho.

A jornalistas, Tércio disse que o entendimento do Sindicam é paradoxal, que o PDZ foi discutido com sindicatos e que até alunos da oitava série [nono ano no Ensino Fundamental] entenderiam que o plano gera empregos, e não o contrário.

A reportagem foi até a sede do Sindicam em Santos e telefonou para diretores da entidade, que não se manifestaram sobre a paralisação nem sobre as declarações de Tércio até a publicação deste texto.

A SPA conseguiu no último domingo (17) que a Justiça proibisse, em decisão liminar, que os caminhoneiros bloqueassem acessos ao porto, como prometia o presidente do Sindicam, Alexsandro Viviani, conhecido como Italiano.

Nesta segunda, Viviani chegou a ocupar parte de vias de acesso ao porto, mas foi detido pela Polícia Federal e liberado em seguida. A paralisação de caminhoneiros já havia sido encerrada por volta das 16h, quando a Folha percorreu a região portuária.

A decisão judicial que proibiu o bloqueio foi proferida pelo juiz federal Roberto da Silva Oliveira, e estipulou multa diária de R$ 200 mil caso o Sindicam paralisasse o porto. Outra liminar semelhante, da Justiça estadual, foi dada à operadora Rumo, e previa multa de R$ 50 mil por dia de eventual bloqueio de caminhoneiros.

Entre as principais mudanças previstas no porto pelo plano está a reorganização do espaço dos terminais por tipo de carga, o que segundo a SPA traria ganhos de escala e eficiência no uso dos berços de atracação.

Para fazer a mudança, a autoridade portuária não vai renovar contratos com terminais menores que estão prestes a vencer.

Os terminais pequenos não capacitados para atendimento ferroviário saem, teremos a consolidação de terminais, diz Tércio.

Segundo ele, o PDZ também pretende diminuir a quantidade de manobras desnecessárias de navios em Santos. São mais de 12 mil movimentos por ano para 4700 navios. Isso quer dizer que tem embarcação que faz três movimentos no porto, isso é ineficiência. Ocupo horas de canal com manobras desnecessárias.

Com a reorganização, o transporte de contêineres, por exemplo, que demandam mais transporte rodoviário, ficaria concentrado nas regiões Morro da Penha, Saboó e Valongo, consideradas o fundo do porto, o que reduziria o trânsito de caminhões dentro do perímetro urbano.

Fonte: Folha de São Paulo

O transporte de celulose, por outro lado, que utiliza de maneira mais intensiva o modal ferroviário, seria concentrado na ponta da praia.

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